A juíza Andrea Keust Bandeira de Melo há 16 anos é a titular da 8ª Vara do Trabalho no Recife. São 30 anos na profissão de juíza. Iniciou carreira aos 25 anos de idade. “Nunca pensei em fazer Direito. Foi uma imposição do meu pai, mas ao ingressar na universidade passei a tecer sonhos, principalmente, com a Magistratura, confidencia Dra. Andréa, que antes de entrar no curso de Direito, nutria o desejo de ser Geneticista. Se formou no ano de 1991. Andréa Keust Bandeira de Melo nasceu no Rio de Janeiro, no dia 25 de fevereiro de 1968. É filha de Margarida Keust Bandeira de Melo e Lourimar Amaro Galhardo Bandeira de Melo. Tem uma filha, Ísis Keust Bandeira de Melo P. Carvalho, de 17 anos, que pretende seguir carreira na área de saúde.
Dra. Andréa Keust, ainda criança, foi morar com a família no estado de Pernambuco, na capital Recife. Começou a trabalhar aos 18 anos, como bancária. Aos 23, saiu do emprego para advogar e estudar para concurso. “Não tive dificuldades no início da minha vida profissional. Encontrei pessoas acolhedoras, que me serviram de exemplo”, conta. No ano de 1993, Andrea Keust assumiu o cargo de juíza trabalhista na cidade de João Pessoa, estado da Paraíba. “Já na magistratura, enfrentei alguma resistência por ser mulher e jovem, mas com dedicação, esforço e muita produtividade, as pessoas passaram a me respeitar e fui conquistando meu espaço”, declara. Para a juíza, as maiores dificuldades no início da carreira foram “estar longe da família e ser mãe solo”.
Depois de quatro anos em João Pessoa, a magistrada conseguiu uma permuta e retornou ao Recife no ano de 1997. Em 2003, assumiu titularidade de vara, iniciando na 1ª Vara de Petrolina, no sertão de Pernambuco. No ano seguinte, foi para o município de Catende, na Zona da Mata, e ainda no mesmo ano, foi transferida para Pesqueira, na região Agreste. Trabalhou ainda como titular da 1ª vara do Trabalho, em Caruaru, na mesma região, no ano de 2005, sendo transferida em 2007 de volta ao Recife, onde permanece até hoje, como titular da 8ª vara do Tribunal Regional do Trabalho.
Por seu birô passaram inúmeros casos, alguns que renderam grande repercussão. Um deles foi a descoberta do uso de lençóis contaminados por lixo hospitalar, no polo têxtil do Agreste, para forração de bolso de calças jeans. “Gosto de trabalhos que envolvem problemas sociais como por exemplo: o combate ao trabalho infantil; a luta por condições de trabalho digno e decente; o combate ao tráfico de pessoas e as ações de combate às diversas formas de violência, em especial contra os diversos tipos de assédio”, afirma a juíza. Pela contribuição do seu trabalho para a sociedade, Dra Andrea recebeu alguns prêmios, como a medalha Conselheiro João Alfredo – mérito Judiciário, em 2017, e a medalha Juiz Eurico Castro Chaves Filho, por mérito funcional, em 2022. Porém, considera mais relevante o reconhecimento obtido pelo trabalho em equipe, como diz o provérbio africano: “Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá em grupo.” Por isso, se orgulha da conquista do Selo Diamante e do Selo Ouro, concedidos pelo desempenho da equipe da 8ª Vara do Trabalho do Recife.
Atualmente a magistrada atua na área de enfrentamento às violências, assédio e bullying e cursa Psicanálise Clínica. “Acredito que cumpri bem minha missão como Juíza, galguei êxito em minha carreira”, avalia. Mas vê a magistratura como uma área perigosa e pouco reconhecida. “Por melhor e mais ágil que seja a atuação do Judiciário, sempre alguém sai insatisfeito. Lidamos dia a dia com litígios. Adoecemos mentalmente e estamos em constante sofrimento. Julgar é um ato muito difícil”, desabafa.
Para o futuro, Dra. Andréa Keust planeja se dedicar à psicanálise, se aposentar e seguir nova carreira estudando adoecimento mental, para ajudar aos que precisam de atendimento nessa área. “Também gostaria de voltar a lecionar, sobretudo na área de Bioética e Biodireito, que são minhas paixões no universo jurídico”, revela. Para quem quer seguir a carreira de juiz, ela orienta: “Se preparem para as constantes mudanças na legislação e para a precarização das condições de trabalho, porque a magistratura é uma profissão de risco”.
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