“Se você fica neutro em situações de injustiça, você escolhe o lado do opressor”, a frase do sulafricano Desmond Tutu, ativista pelos direitos humanos e prêmio Nobel da Paz vem à mente da Promotora de Justiça Dalva Cabral quando pensa na própria trajetória de vida. Lotada junto ao Tribunal do Júri de Pernambuco, há 11 anos, já esteve à frente de inúmeros casos de repercussão no estado. É no Júri onde se realiza como profissional e como ser humano. “O meu trabalho mais marcante acontece sempre que, terminando uma sessão de julgamento, recebo o abraço de gratidão, sentido e carinhoso das tantas famílias enlutadas por suas vítimas que, vencidas pela violência, desfalcaram seus lares das suas presenças. Somos nós, Promotores(as) de Justiça, que perseguimos a justiça, para impedirmos que tantos capítulos dessas histórias findem e sejam selados sob o nefasto ‘manto’ da impunidade”, declara Dra Dalva Cabral.
Já são 24 anos no Ministério Público de Pernambuco. No órgão, a promotora teve a oportunidade de passar por várias comarcas e coordenar o Centro de Apoio à Cidadania, bem como o Núcleo da Mulher do Ministério Público local, além de assessorar a Procuradoria Geral de Justiça. A escolha pelo Direito foi feita com o propósito de trabalhar no combate à violência. Antes de ser aprovada no concurso para o Ministério Público de Pernambuco, a caruaruense advogou por três anos. “A melhor fase da minha carreira é sempre a atual. Se não pela permissão de Deus para continuar viva, fazendo, atuando, porque a experiência é uma bagagem enriquecedora para realizar o feito, sempre, e cada vez mais, de modo melhor”, declara.
A decisão de fazer o concurso para Promotora de Justiça surgiu da vontade de combater a criminalidade, bem como da percepção, desde à época, da imensa dificuldade encontrada pela mulher para ingressar no mercado de trabalho, notadamente mais favorável aos homens. “Em tempos de luta pela igualdade de gênero, não seria fácil advogar numa área em que ser jovem, imatura e mulher seriam um possível indício de insucesso; então o Ministério Público sempre se afigurou, para mim, como uma instituição muito bonita e interessante onde poderia atuar em muitas áreas”, afirma a Promotora de Justiça.
Após cinco anos no Ministério Público, Dra. Dalva abraçou, também, a docência jurídica. “Foi sempre maravilhoso conviver com pessoas, na academia jurídica, nutrindo a esperança de fomentar o interesse por variadas carreiras, inclusive de futuros possíveis colegas, que viriam a promover, no futuro, a necessária e salutar oxigenação nos vários espaços de poder”, filosofa. Hoje, além de ensinar e atuar no Tribunal do Júri, Dalva Cabral cursa psicanálise e justifica a escolha: “Por compreender que cada ser humano é diferente, resultante das suas pessoais construções interiores e que não dá para tocar no jurídico sem a sensibilidade de que, por trás dos direitos, papéis e arquivos existem pessoas e sentimentos.”
A promotora de justiça agradece à mãe Maria Auxiliadora Porto por todas as conquistas pessoais e profissionais. “Quando pensei em cansar algumas vezes, ela me mostrou que isso nunca seria alternativa ou opção. Vi e testemunhei grandes momentos em que a postura, a obstinação e a firmeza dela puderam me inspirar e alicerçar uma mulher forte e decidida”, afirma com gratidão. “Do meu pai, Miguel Alves Ribeiro, sinto saudade. Com a missão cumprida por aqui, partiu há pouco, deixando a lembrança de muitos momentos bons e sei que poderá, de onde estiver, nos proteger e orar por nós”, diz.
A bem sucedida profissional afirma que a maternidade é seu maior projeto de vida. Dalva Cabral tem dois filhos: George Affonso Cabral Nogueira e Marjorie Cabral Nogueira, com 17 e 12 anos de idade. “Não conseguiria lembrar de nenhum momento ou circunstância que me tenha tornado mais plena e feliz do que ao gestar e tomar nos braços os meus dois filhos”, declara emocionada e acrescenta: ”São meus melhores amigos, detentores do meu amor incondicional. Para eles, deixarei o meu melhor exemplo e por eles tento aprimorar a minha essência, dar o meu melhor testemunho e ser alguém de quem possam lembrar com o sorriso no rosto e o brilho carinhoso nos olhos, vindos da certeza de que tentei ser, incansável e inarredavelmente, o meu melhor possível.”
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